Terapia genética sistêmica alonga a vida e melhora a função muscular em camundongos com distrofia muscular

5 de julho de 2007 by Izabel Gavinho

TUCSON, Arizona, USA
5-Jul-2006

A Associação Americana de Distrofia Muscular (MDA) anunciou hoje que cientistas da Universidade de Washington, Seattle, conseguiram pela primeira vez, e de forma consistente, melhorar o estado geral e a expectativa de vida de camundongos portadores de uma forma severa de distrofia muscular, por meio da administração sistêmica de novos genes para a produção de uma proteína faltante.

“O resultado é extraordinário porque esses camundongos altamente afetados pela doença representam uma barreira difícil de superar no caminho por uma terapia genética, e são os que mais se aproximam da distrofia muscular de Duchenne, apresentada em humanos”, afirma Sharon Hesterlee, Diretora de pesquisa e desenvolvimento da MDA.

Em um trabalho publicado hoje no prestigioso jornal “Nature Medicine”, uma equipe conduzida por Jeffrey Chamberlain, e onde participa também Paul Gregorevic, ambos pesquisadores financiados pela MDA, foi descrito de que forma uma única injeção de micro-genes (genes altamente miniaturizados) da proteína distrofina restaurou a estrutura muscular e funcional de músculos esqueléticos de camundongos, ao longo de todo o organismo, incluindo diafragma e coração.

A distrofia muscular de Duchenne (DMD) é causada pela falta da proteína distrofina, e é a forma mais comum de distrofia em crianças. A falta da distrofina leva a uma deterioração progressiva da força dos músculos voluntários, e também dos músculos que controlam as funções respiratória e cardíaca, e pode provocar a morte por volta dos 30 anos de idade.

Devido ao fato de ser uma doença ligada ao cromossomo X, a distrofia afeta quase que exclusivamente meninos, embora meninas apenas portadoras também possam vir a apresentar sintomas.

Os pesquisadores da Universidade de Washington encapsularam genes de micro-distrofina produzidas em laboratório, dentro de um adenovirus tipo 6, um vírus inofensivo que serve de veículo, e os administraram em um camundongo de 1 mês de idade, que não era capaz de produzir distrofina nem uma proteína similar a ela, a utrofina. Sem essas proteínas, o animal desenvolve uma severa distrofia muscular que assemelha-se em muito com a humana.

Cerca de quatro meses após a injeção, os pesquisadores encontraram ampla produção de distrofina no diafragma, que foi capaz de resistir a testes de contração induzida quase tão bem quanto os de camundongos saudáveis. Além disso a produção de distrofina foi restaurada também no coração.

Quando a equipe analisou um músculo da perna, viram que a distrofina havia sido restaurada, as fibras musculares haviam aumentado 85% em tamanho, a massa muscular havia aumentado em mais de 90%, ao passo que a capacidade de produzir força e de resistir a ferimentos haviam aumentado também. E eram capazes de se exercitar nas rodas existentes nas gaiolas, ao passo que os camundongos não tratados não conseguiam.

Com relação à longevidade, 8% dos camundongos não tratados morreram com 4 meses de idade, enquanto os que haviam recebido o tratamento viveram 10 meses.

Dr. Chamberlain diz “Acreditamos que esse trabalho suporta a teoria de que terapias genéticas podem ser uma forma de tratamento altamente efetiva para distrofia muscular. Nosso desafio agora passa a ser testar esse método na clínica, em seres humanos, o que irá necessitar de estudos cuidadosos quanto à segurança e praticidade da técnica antes de poder ser usada em pacientes.”

Fonte: http://www.mda.org/research/060705systemic_therapy.html

 

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