A pílula da ginástica para um “fitness” sem esforços

7 de setembro de 2007 by Izabel Gavinho

Cientistas estão na corrida pelo desenvolvimento de uma droga para os músculos que permitiria manter uma pessoa em forma sem que para isso ela tivesse que se exercitar. O objetivo é prevenir o enfraquecimento e a perda muscular nas pessoas acamadas, nos idosos, e tornar possíveis longas jornadas espaciais.

Mas tais drogas seriam uma tentação inevitável para os atletas, afirmam especialistas.

Equipes de pesquisadores vêm estudando o caminho genético pelo qual os músculos ganham massa, e também como a perdem.

Uma academia dentro da garrafa

Testes em roedores mostraram que manipulando esses caminhos, é possível suspender a perda muscular por falta de uso, ou por doença. Ao menos três grupos de pesquisadores já identificaram quais genes são os responsáveis.

O D. Alfred Goldberg e seus colegas da Universidade de Harvard, USA, e a companhia farmacêutica Regeneron descobriram os genes “atrogin1” e “muRF1“, que participam ativamente no processo de perda muscular.

Um grupo na Purdue University, Indiana, tem pesquisado um outro gene chamado “erg1“.

O professor Paul Greenhaff, da Universidade de Nottingham, Reino Unido, considera as pesquisas fantásticas, e de grande potencial clínico.

Os cientistas estão confiantes que logo terão uma terapia pronta para ser testada em humanos. Tais drogas poderiam ser dadas a pacientes acamados por vários dias, ou a pacientes idosos, ajudando-os a se manter ativos.

A droga ajudaria pessoas que sofreram fraturas ósseas a evitar longas e dolorosas sessões de fisioterapia para recuperar a força muscular. E o processo de ser removido de um respirador mecânico, após longos períodos de uso, também poderia ser facilitado, pois evitaria perdas no músculo respiratório (diafragma).

A NASA também é interessada nesse tipo de medicamento, pois astronautas perdem muita massa muscular durante longas missões.

O Abuso

Mas enquanto há aplicações legítimas para essas drogas em aplicações médicas e espaciais, elas serão uma tentação inevitável para atletas, afirma o Dr. Goldberg.

Especialistas dizem que apesar das drogas manterem o tamanho dos músculos, elas não ofereceriam os outros benefícios que exercícios regulares trazem.

O Professor Paul Greenhaff, da Universidade de Nottingham, Reino Unido, tem conduzido experiências semelhantes.

Ele afirma que essas drogas representam um enorme potencial para intervenções clínicas, e que precisamos testá-las em pacientes agora.

Mas também lembra que há um potencial para abusos: o papel dos exercícios tem sido desprezado.

“A contração dos músculos também é importante. Os exercícios são o estímulo mais poderoso ao crescimento muscular. E devemos nos atentar mais à nutrição também.”

Ele diz que a ingestão de carboidrato e de proteínas é conhecida por promover a síntese de proteínas nos músculos.

A Dra. Julia Thomas, da Campanha da Distrofia Muscular” diz : “Para que esse tratamento seja realmente benéfico, é importante que a força muscular seja também aumentada, e que futuras pesquisas serão chave para verificar se isso ocorro de fato.”

Ele também diz que uma pílula para prevenção da perda muscular não seria capaz de corrigir a causa da distrofia muscular, mas que diminuiria a velocidade da progressão da doença.

Esperamos que se de fato as pesquisas levarem a uma droga funcional, que a maior parte de seu uso seja em doenças, como a distrofia muscular e muitas outras, e não como uma “academia engarrafada”.

Fonte: http://news.bbc.co.uk/2/hi/health/5301112.stm

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