2 de abril de 2017 Izabel GavinhoSem categoria

USA – no Experimental Biology, maior congresso de ciências básicas dos Estados Unidos, serão apresentados três trabalhos de um mesmo grupo que reforçam o papel das alterações vasculares na distrofia muscular de Duchenne. Estudos prévios demonstraram que há uma incapacidade dos portadores de distrofia de Becker em reduzir a vasocontrição reflexa desencadeada por exercícios. Nestes três trabalhos, dois em seres humanos e um em camundongos este efeito é novamente demonstrado. Além disso com o uso de inibidores da fosfodiesterase habitualmente utilizados em disfunção erétil, como o tadalafil ou sildenafil, a resposta vasoativa se recupera ao menos parcialmente.

O resumo em inglês destes trabalhos pode ser lido aqui:

a) (Experimental Biology, 2013) Phosphodiesterase 5 inhibition rescues functional sympatholysis in Duchenne Muscular Dystrophy
Michael Nelson, Elizabeth A. Martin, Xiu Tang, Jimmy Johannes, Joshua Lewis, Swaminatha V. Gurudevan, Stanley Nelson, Carrie Miceli, Ronald G. Victor.

We recently reported that functional sympatholysis (i.e., muscle contraction-induced attenuation of reflex vasoconstriction) is impaired in Becker Muscular dystrophy and rescued by phosphodiesterase (PDE)5 inhibition with tadalafil. However, tadalafil failed to rescue sympatholysis in one BMD patient with a rapidly progressive disease resembling Duchenne Muscular Dystrophy. Thus, we tested the ability of two different phosphodiesterase inhibitors, tadalafil and sildenafil, to rescue sympatholysis in DMD. In 6 boys with DMD (ages 7-13) and 8 healthy controls, we measured reflex vasoconstriction (decreased forearm muscle oxygenation [ΔHb02, near infrared spectroscopy] evoked by lower body negative pressure) at rest and during rhythmic handgrip exercise. First, we confirm that sympatholysis is impaired in DMD, because handgrip greatly attenuated vasoconstriction in controls (ΔHb02:-22±6 vs. -9±5 %, p<.05; rest vs. HG) but caused no attenuation in DMD (-17±2 vs. -15±3%). Then, in a randomized single dose (0.5 mg/kg) cross-over trial of tadalafil vs. sildenafil, we show that sympatholysis is rescued in DMD by either PDE5 inhibitor (tadalafil: -21±3 vs. -11±4; sildenafil, -22±4 vs. -12±3%; ΔHb02 rest vs. HG). PDE5 inhibition therefore constitutes a putative therapeutic treatment option for patients with either Becker or Duchenne Muscular Dystrophy.

Support: Parent Project Muscular Dystrophy

b) (Experimental Biology, 2013) Tadalafil-sensitive impairment in muscle blood flow during exercise in Duchenne Muscular Dystrophy
Michael Nelson, Elizabeth A. Martin, Xiu Tang, Jimmy Johannes, Joshua Lewis, Swaminatha V. Gurudevan, Ronald G.Victor

Out-of-frame mutations in the dystrophin gene cause Duchenne muscular dystrophy (DMD)—a devastating X-linked muscle wasting disease for which there is no treatment other than corticosteroids. In DMD, loss of the cytoskeletal protein dystrophin impairs sarcoelmmal targeting of nNOS, which is the main source of skeletal muscle-derived nitric oxide (NO). We previously showed that loss of nNOS impairs the normal exercise-induced attenuation of reflex vasoconstriction in dystrophic skeletal muscle, thus implicating a putative vascular component to the pathogenesis of DMD. Here we present data on a second phenotype, that muscle blood flow (BF, measured by Doppler ultrasound of the brachial artery) fails to increase normally during mild rhythmic handgrip exercise in 6 boys with DMD (7-13 years of age) compared with 8 age-matched male controls (Ctrls): ΔBF:+13±5% vs. +81±10%, respectively (p<.05). Moreover, we show that the phosphodiesterase 5 inhibitor Tadalafil, restores active hyperemia in boys with DMD in a dose-dependent manner: 0.5 mg/kg, +56±13%; 1.0 mg/kg, +72+18% These data significantly advance the vascular hypothesis of DMD and implicate PDE5 inhibition as a putative therapeutic treatment option. Support: Parent Project Muscular Dystrophy, Heart and Stroke Foundation of Canada (MN)

c) (Experimental Biology, 2013) Chronic tadalafil treatment ameliorates functional muscle ischemia and exercise-induced muscle injury in dystrophin- deficient mdx mice. Liang Li, Nancy Zepeda, Ronald G Victor, Gail D Thomas. The
Heart Institute, Cedars-Sinai Medical Center, Los Angeles, CA

The dystrophin-deficient muscles of patients with Duchenne or Becker muscular dystrophy and mdx mice are susceptible to ischemia during exercise due to loss of sarcolemmal neuronal nitric oxide synthase (nNOS). We showed that functional muscle ischemia is alleviated in patients and mice by acute treatment with the phosphodiesterase 5A (PDE5A) inhibitor tadalafil to boost NO-cGMP signaling in the diseased muscles. We now asked if this anti-ischemic effect is sustained during chronic PDE5A inhibition. We fed mdx mice control or medicated diets (tadalafil, 4 mg/kg) for 3 months and then evaluated norepinephrine (NE)-induced hindlimb vasoconstriction. NE evoked similar decreases in femoral vascular conductance (FVC) in resting and contracting hindlimbs of untreated mdx mice, indicating functional muscle ischemia (ΔFVC contraction/rest, 1.07 ± 0.13; n=10). NE-induced ischemia was attenuated in tadalafil-treated mice (ΔFVC contraction/rest, 0.61 ± 0.06; n=9; P<0.05 vs untreated) and was similar to C57BL10 controls (ΔFVC contraction/rest, 0.50 ± 0.08; n=10).

Serum creatine kinase activity was elevated 6-fold post-exercise in untreated mice, but only 2.5-fold in treated mice (P<0.05). These findings indicate that chronic PDE5A inhibition counteracts functional muscle ischemia in mdx mice, which may reduce injury of the vulnerable dystrophin-deficient muscles during exercise. Supported by MDA, 158944. 

Fonte: http://distrofiamuscular.net/noticias.htm

 



5 de agosto de 2013 Izabel GavinhoSem categoria

USA – trinta e nove pacientes com Duchenne foram estudados aos 12 anos de idade com a densitometria óssea. A densidade óssea encontrava-se diminuída nesta idade, sugerindo a necessidade que os estudos sejam feitos em idades mais jovens. Os que usavam corticóides tinham densidade óssea menor. Os tratados com alendronato tiveram aumento não significativo da densidade óssea, especialmente por se tratar de um número pequeno de pacientes.

O resumo em inglês pode ser lido abaixo:

(Muscle & Nerve, 2013) Bone density and alendronate effects in Duchenne muscular dystrophy patients

Caroline Houston, Katherine Mathews and Amal Shibli-Rahhal – USA

Abstract

Introduction: Patients with DMD have low bone mineral density (BMD) and are at high risk for fractures. We examined changes in BMD and the effects of alendronate in DMD patients treated at our institution in the last decade.

Methods: Retrospective cohort study of 39 DMD patients.

Results: Patients had screening dual energy x-ray absorptiometry (DXA) at an average age of 12 years. The vast majority had low Z-scores at the total hip and lumbar spine. Patients treated with glucocorticoids had a significantly lower Z-score at the spine than those not treated with glucocorticoids. Z-scores at the hip trended down without alendronate (P= 0.07) and trended up with alendronate (P= 0.4).

Discussion: By age 12 years, most patients with DMD had low Z-scores. They may have benefitted from earlier screening. Z-score at the hip trended downward without alendronate and trended upward (stabilized) with alendronate, but these trends were not statistically significant



A Dra. Ana Lúcia Langer, diretora clínica da Associação Brasileira de Distrofia Muscular (ABDIM),  em palestra  realizada dia 10 de março último no HESFA, a convite da Secretaria Estadual do Rio de Janeiro e da ACADIM,  falou para uma assistência composta de profissionais da área da saúde da sua experiência no atendimento a cerca de 100 pacientes com distrofia muscular na ABDIM, e da implantação do programa de assistência ventilatória não invasiva para essa clientela, em São Paulo, pelo SUS.

Drª Ana Lucia deu ênfase às diferenças entre assistência respiratória, comum à maioria dos pacientes com patologias pulmonares, e a assistência ventilatória, mais específica, presente nos casos de distrofia muscular, e cuja abordagem é diferente daquela utilizada nos casos de insuficiência respiratória, que se for dispensada a pacientes com doença neuromuscular pode agravar o quadro clínico. Disse que os objetivos principais da assistência ventilatória são manter a complacência pulmonar e da caixa torácica, auxiliar a musculatura expiratória e, por fim, trabalhar a musculatura inspiratória. Estes cuidados são  indispensáveis a pacientes com distrofia muscular e, quando bem aplicados, postergam muito a necessidade do BIPAP.

Em resposta a uma pergunta sobre outras alternativas no tratamento respiratório,  Dra. Ana teceu comentários sobre o air stacking (“empilhamento” de ar), e a respiração glossofaríngea como técnicas utilizadas para aumento da complacência pulmonar. Citou os diversos parâmetros das provas de função respiratória para a indicação dos procedimentos, e comentou que, na prática do dia-a-dia, a complicação usual é o aumento da secreção pulmonar, o que agrava o quadro do paciente, já que eles têm grande limitação para a tosse, o que impõe o uso do cough assist (aparelho para auxiliar a tosse), que na maioria dos casos melhora muito a situação do paciente, não requerendo outros cuidados. Concluindo a apresentação técnica, Drª Ana Lucia disse que a ventilação assistida para pacientes com distrofia muscular pelo SUS em São Paulo se deu a partir do convite feito a ABDIM pela SES/SP que, com inúmeros mandados judiciais, pediu ajuda para atender essa clientela, o que resultou num convênio entre a SES/SP e a ABDIM para atendimento de 100 pacientes. Esse convênio também contou com a participação do Instituto do Sono-USP, a quem a SES/SP repassou 30 aparelhos de BIPAP que foram disponibilizados para aqueles que viessem a necessitar, indicados pela ABDIM. Disse que os pacientes comparecem duas vezes na semana para fisioterapia respiratória, motora, hidroterapia, cuidados essenciais para esses pacientes, registrando que na própria unidade da ABDIM-SP, onde dispõe de um aparelho de tosse assistida, atendem aqueles que, por processos agudos (alergias, resfriados, por exemplo), aumentam a secreção.

Respondendo a outras perguntas dos presentes, disse que os aparelhos BIPAP não costumam dar problemas técnicos, que não há necessidade de visitas domiciliares desde que os pacientes compareçam regularmente às sessões de fisioterapia, condição básica, no seu entendimento, para poder entrar em ventilação assistida não invasiva. Comentou que nesses casos eventualmente surgem problemas de transporte para comparecimento do paciente ao tratamento na ABDIM.

Ao término da palestra , o Coordenador da Câmara Técnica da SES/RJ, Dr. Sergio Voronoff, comentou que o trabalho apresentado pela Drª Ana Lucia trazia aspectos novos e complexos, e que seria interessante pensar-se na organização, aqui no Rio, num primeiro núcleo onde os profissionais pudessem ser capacitados na ABDIM-SP para depois serem multiplicadores. Drª Geórgia Mascarenhas (FMS-Niterói) comentou que após a exposição entendeu que a ênfase maior não seria na visita domiciliar, o que lhe preocupava porque esses programas ainda são limitados, e sim nos cuidados de fisioterapia, Drª Alexandra Prufer (IPPMG/UFRJ), complementou registrando que a área de fisioterapia respiratória é muito limitada e pouco disponível nas unidades de saúde precisando ser implementada. Questionou a possibilidade de remanejamento de servidores fisioterapeutas do município e do estado para as unidades que seriam referências para atendimento da distrofia muscular. Dr. Vivaldo Sobrinho, representando a SMS/RIO registrou que talvez fosse possível essa lotação, cabendo consultar a Coordenadora de Reabilitação.

Dr. Sergio encaminhou as propostas apresentadas pelo Dr. Luiz Antonio Duro (INDC/UFRJ), que foram discutidas e acordadas pelos membros da Câmara Técnica:

–              instalar um Projeto Piloto de Serviço de referência para usuários com distrofia muscular no Instituto de Neurologia Deolindo Couto – IDC/UFRJ

–              viabilizar a lotação de fisioterapeutas do município e do estado no IDC a fim de que se possa desenvolver os trabalhos de fisioterapia respiratória, já que esse Instituto conta hoje com apenas uma fisioterapeuta para essa atividade

–              viabilizar a capacitação dos profissionais na ABDIM/SP

–              viabilizar, junto ao Secretário Estadual de Saúde, a compra de aparelhos BIPAP, inicialmente em número de dez, para serem cedidos ao IDC, que por sua vez dispensaria aos pacientes com distrofia muscular que viessem a precisar de ventilação assistida não invasiva

Estiveram presentes â palestra, entre outros, Vivaldo Sobrinho (Coord. Reab. SMS-RIO); Alexandra Prufer (IPPMG); Luiz Antonio Duro, Glória Penque e Leni Gullo (INDC-UFRJ); Raquel Oliveira (HUAP-UFF); Geórgia Mascarenhas (FMS Niterói); Maria Clara Migowski Pinto Barbosa, Vivaldo Lima de Magalhães,  Alberto Freitas, José Carlos Borges (membros da ACADIM)); Sergio Voronoff e Maria Esther Fonseca  (CDCT/SDSS/SES-RJ).

Dra. Ana Lúcia Langer (à direita) em companhia de diretores  da ACADIM


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