DM de Duchenne e Becker: Combinando terapia genética e transplante de células-tronco

23 de março de 2013 by Izabel Gavinho

Ratos com uma doença semelhante à distrofia muscular apresentaram melhora na força e na estrutura muscular, após receberem tratamento à base de células geneticamente corrigidas e derivadas deles mesmos.

A descoberta é a primeira prova de princípio de uma técnica para tratar a distrofia muscular, que combina terapia com células-tronco pluripotentes induzidas com a técnica correção genética.

A informação foi divulgada na Nature Communications em 05/março/2013

http://www.nature.com/ncomms/journal/v4/n3/full/ncomms2550.html

Apesar do tipo particularmente severo de distrofia muscular que afetava os ratos do experimento, o tratamento resultou na melhora da estrutura e da função muscular dos animais. Eles foram criados de forma a não produzirem distrofina, que não é produzida em pessoas com DMD, e utrofina, que é produzida por pessoas com DMD. A falta de ambas as proteínas resulta em uma forma mais severa de DMD.

Quando comparados às pessoas que não produzem distrofina, ratos que não produzem somente distrofina apresentam uma forma mais amena de DMD.

Células de pele convertidas, corrigidas, e transplantadas:

As células-tronco pluripotentes induzidas deste experimento foram derivadas de células jovens de pele (fibroblastos) obtidas de ratos vivos com DMD, convertidas de volta em células-tronco, e depois reconvertidas em células musculares jovens.

Esta técnica tem bom potencial de uso em pessoas com DMD, e talvez em outras distrofias musculares (como a DM de Becker (DMB), causada por uma deficiência parcial de distrofina).

A estratégia não tinha o objetivo de tratar mutações específicas. As células, as quais não produziam distrofina nem utrofina, receberam genes miniaturizados de utrofina para melhorarem sua estrutura e função. A utrofina é uma proteína muito semelhante à distrofina, e é capaz de substituí-la parcialmente.

Muitos pesquisadores preferem usar a utrofina para tratar ratos deficientes em distrofina, porque acham que a utrofina será prontamente aceita pelo sistema imunológico do receptor. Crianças com DMD que receberam terapia genética com distrofina, apresentaram uma resposta imunológica indesejável à distrofina sintetizada pelo organismo. Esta resposta pode ter surgido porque o corpo não reconheceu a proteína recém sintetizada.

Os ratos deste experimento receberam medicamentos imunossupressores, uma vez que por não produziam utrofina era de se esperar que não tolerassem a proteína.

Depois de convertidas em células musculares precursoras, as células-tronco musculares corrigidas para que produzissem utrofina foram injetadas nos ratos diretamente em um músculo da perna, ou por via intravenosa em uma veia na cauda.

Estrutura muscular melhorada, força e reparação:

Os pesquisadores descobriram que:

* As células-tronco corrigidas, introduzidas localmente ou por injeção sistêmica, não foram rejeitadas;

* As células produziram utrofina, o que permitiu que diversas outras proteínas assumissem suas posições corretas na membrana das fibras musculares;

* Algumas células transplantadas transformaram-se em fibras musculares e formaram conexões com fibras nervosas;

* Outras células transplantadas transformaram-se em células musculares de reparação e contribuíram na reparação de fibras musculares;

* A força muscular dos ratos aumentou significativamente.

Fonte: http://quest.mda.org/news/dmd-bmd-combining-gene-therapy-and-stem-cell-transplantation

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