Droga contra o câncer reduz velocidade de progressão da distrofia muscular em camundongos
17 de setembro de 2006
Roxanne Khamsi – NewScientist.com
Uma droga experimental contra o câncer diminuiu a velocidade de progressão da distrofia muscular em camundongos, aumentando as esperanças de que um dia possa-se combater a doença em humanos por meio de uma simples pílula.
Dr. Jeff Chamberlain, da “University of Washington School of Medicine” em Seattle, USA, afirma que os resultados obtidos são extremamente importantes.
Embora sejam resultados preliminares, os pesquisadores dizem que a descoberta pode ter vantagens quando comparada a outras drogas que estão atualmente sendo usadas em testes clínicos.
Existem diversos tipos de distrofia muscular, e não há cura para nenhuma delas. A mais comum, e que afeta crianças, é a distrofia muscular de Duchenne, e consiste em uma mutação no gene que produz uma proteína chamada “distrofina”.
Sem que se produza essa proteína, os músculos enfraquecem levando a problemas respiratórios, e por fim, à morte por volta dos 20-25 anos de idade.
Combate à deterioração
O Dr. Pier Puri do Instituto Burnham, La Jolla, California, e seus colegas, tentaram melhorar as funções musculares de camundongos portadores da mutação no gene da distrofina tratando-os com uma droga contra o câncer chamada “trichostatin A“, ou TSA. Essa droga, que tem sido testada no combate aos melanomas (câncer), provocam uma mudança em certas proteínas.
Dr. Puri afirma que essas mudanças afetam a produção de uma molécula chamada “folistatina“, que pode indiretamente causar crescimento muscular, e contra atacar a deterioração gerada pela distrofina defeituosa ou ausente.
A equipe de pesquisadores deu aos camundongos uma dose diária de TSA por um período de três meses, quando então os animais foram submetidos a testes de resistência em uma “esteira rolante”. Os que receberam a TSA conseguiram ficar 20 minutos na esteira, ao passo que os que não receberam a droga ficaram apenas 12,5 minutos.
Em um segundo experimento a equipe deu aos camundongos uma droga que bloqueia a folistatina, cancelando o efeito da TSA e demonstrando que a droga contra o câncer tem efeito benéfico na distrofia, pelo ganho no crescimento muscular causado pelo aumento da folistatina.
Uma vantagem no uso da TSA é que ela pode ser ministrada sob a forma de uma simples pílula, ao contrário de outros tratamentos, que dependem de terapia genética.
Mas os especialistas deixam claro que ao contrário de uma terapia genética, o uso da TSA deve ser contínuo.
Dr. Chamberlain adverte para o fato de que a droga deve ser ministrada por toda a vida do paciente, e que os efeitos colaterais da TSA ainda são desconhecidos.
Fonte: http://www.newscientist.com/article/dn10096-cancer-drug-slows-muscular-dystrophy-in-mice.html