No CTI à espera de um respirador artificial
Paciente pode ter alta, mas ocupa vaga em hospital há mais de um ano
Rio – Internada no CTI do Hospital Estadual Azevedo Lima, em Niterói, Valéria Chaves Ferreira, 36 anos, passou o seu segundo Natal consecutivo longe da família. Vítima de distrofia muscular, a paciente, que depende de um respirador artificial para viver, está hospitalizada há um ano e dois meses à espera do aparelho para ter alta. Em novembro, a Justiça determinou que o Estado fornecesse o equipamento, mas o estado recorreu da sentença. “Fiquei muito feliz quando soube da decisão judicial. Achei que depois de tantos meses voltaria para casa e passaria o Natal com a minha família, mas o estado prefere me manter no CTI, ocupando um leito desnecessariamente a comprar o respirador. Minha maior preocupação é que aqui eu corro risco constante de pegar uma infecção”, conta.
PRÓTESE
Valéria, que não economiza elogios aos profissionais do Azevedo Lima, reclama de estar num local em que os óbitos são freqüentes. “Tenho que ser forte. Acho que seria mais barato comprar o respirador e me dar alta do que me manter no CTI”, diz.
Segundo declaração médica, de 17 de maio, quando Valéria estava internada há 215 dias, a falta do equipamento é a única coisa que a mantém no hospital. “Ela só poderá deixar a unidade de tratamento intensivo caso tenha à disposição uma prótese ventilatória portátil”, afirma o fisioterapeuta Leonardo Souza. Virgínia Chaves Ferreira, 37 anos, irmã de Valéria, conta que parentes se revezam para que a paciente não fique sozinha.
Estado garante dar solução para o problema
Não foi a primeira internação de Valéria no Hospital Estadual Azevedo Lima. A paciente passou dois anos no CTI da unidade e teve alta em 2005, após receber do estado um respirador. Mas o equipamento queimou em 10 de outubro do mesmo ano, após queda de luz, segundo Valéria. “Comunicamos à Ampla que não poderia faltar luz naquela casa”.
Em nota a Ampla, responsável pelo fornecimento de energia afirmou que não encontrou registro de reclamação de falta de energia ou ressarcimento de equipamento na data citada.
A empresa diz que entrará em contato com a cliente ou parente para se informar sobre o caso e tomar as providências. A Secretaria Estadual de Saúde afirma que pedirá detalhes sobre o caso e promete que solucionará o problema alugando ou comprando equipamento.
Fonte:http://odia.terra.com.br/ciencia/htm/geral_73849.asp